Negociar transporte multimodal exige atenção a diferentes fatores logísticos, financeiros e contratuais.
Cada modal possui características próprias, custos distintos e prazos variados, e a integração eficiente entre eles é essencial para reduzir riscos e otimizar a cadeia de suprimentos.
1. Conheça as especificidades de cada modal
Transporte marítimo: indicado para cargas volumosas e longas distâncias internacionais. Possui custo mais baixo, mas maior tempo de trânsito. Ao negociar, considere tarifas portuárias, demurrage (taxas por atraso no porto) e seguros de carga.
Transporte aéreo: ideal para produtos de alto valor, perecíveis ou com urgência de entrega. O custo é mais elevado, por isso negociações devem considerar peso, volume e opções de frete consolidado para reduzir despesas.
Transporte rodoviário: garante flexibilidade e entrega porta a porta, sendo frequentemente usado como complemento do modal marítimo ou aéreo. Negocie fretes, pedágios, prazos e condições de carga e descarga.
2. Planeje toda a cadeia logística
Planejamento detalhado ajuda a antecipar custos adicionais, como armazenagem, transbordo e taxas alfandegárias, e evita atrasos na entrega final.
Exemplo, uma carga que chega de navio ao porto de Santos e precisa ser transportada para o interior via caminhão exige análise prévia de horários, capacidade de transporte e prazos contratuais, para não comprometer a entrega e gerar custos extras.
3. Compare custos e condições de diferentes fornecedores
Solicite cotações de múltiplos operadores logísticos e analise custos diretos e indiretos, incluindo seguros, manuseio, taxas portuárias e possíveis atrasos.
Avalie também a confiabilidade do fornecedor, experiência com transporte multimodal e capacidade de rastreamento de carga.
Dica: ao negociar transporte aéreo internacional, verifique a política de flexibilidade para remarcação de voos e opções de consolidação de carga, que podem reduzir custos sem comprometer o prazo de entrega.
4. Negocie contratos claros e flexíveis
Defina responsabilidades de cada parte em contratos multimodais, detalhando incoterms, prazos, seguros, penalidades por atraso e limites de responsabilidade. Contratos bem estruturados evitam disputas e garantem maior previsibilidade.
E, busque cláusulas de flexibilidade para situações imprevistas, como atrasos climáticos, congestionamentos portuários ou alterações na capacidade do transporte rodoviário. Isso oferece maior segurança na operação e reduz riscos financeiros.
5. Utilize tecnologia para monitoramento e rastreamento
Ferramentas digitais de rastreamento permitem acompanhar cada etapa da cadeia multimodal em tempo real, ajudando a identificar atrasos e otimizar rotas.
Sistemas integrados também fornecem dados sobre consumo, custos e eficiência, facilitando negociações futuras.
Por exemplo, softwares de TMS (Transport Management System) permitem analisar diferentes cenários de transporte, como a substituição temporária do modal marítimo por aéreo em casos de urgência, mantendo o controle de custos e prazos.
6. Considere seguros e mitigação de riscos
Transporte multimodal envolve diferentes riscos: avarias, extravios e atrasos. Negocie seguros que cubram cada modal e analise se é mais vantajoso contratar um seguro global ou separados por segmento.
Cargas valiosas transportadas via marítimo e depois rodoviário podem exigir cobertura diferenciada para cada modal, garantindo indenização adequada em caso de sinistros.
7. Busque parcerias de longo prazo
Manter um relacionamento contínuo com operadores logísticos confiáveis garante melhores condições de frete, prioridade em embarques e colaboração para otimização de processos.
Contratos de longo prazo permitem planejamento financeiro seguro e redução de custos ao longo do tempo, além de possibilitar investimentos em tecnologia e melhorias na cadeia de suprimentos.
Conclusão
Negociar transporte multimodal exige conhecimento técnico de cada modal, planejamento estratégico da cadeia logística, análise de custos, contratos claros e uso de tecnologia para monitoramento.
No Brasil, onde a integração entre portos, aeroportos e transporte rodoviário ainda apresenta desafios, essas práticas são essenciais para garantir eficiência, reduzir riscos e manter competitividade.