A produção industrial teve a maior alta desde julho de 2020. O resultado ultrapassou a previsão de 2,7%. Após dois meses seguidos de queda, a produção industrial subiu 4,1%, o que superou as expectativas dos especialistas, que calcularam um aumento de 2,7%. Este é o maior resultado desde julho de 2020 (9,1%).
Os resultados foram influenciados pela retomada do setor no Rio Grande do Sul e da cadeia produtiva que dependia de insumos produzidos no estado. Esses dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) e foram divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (02/08).
- A indústria havia recuado 0,9% no mês de maio, em decorrência dos efeitos das enchentes do Rio Grande do Sul sobre as unidades industriais;
- A produção industrial cresceu 3,2% em relação a junho de 2023;
- O indicador acumulado no ano teve uma expansão de 2,6%.
A alta produção de petróleo no mês de junho se deu a atividade de produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (4%). A fabricação de produtos químicos (6,5%) também teve um aumento.
Indicadores da Produção Industrial por Grandes Categorias Econômicas Brasil – Junho de 2024 |
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Grandes Categorias Econômicas | Variação (%) | |||
Junho 2024 / Maio 2024* | Junho 2024 / Junho 2023 | Acumulado Janeiro-Junho | Acumulado nos Últimos 12 Meses | |
Bens de Capital | 0,5 | 9,0 | 5,0 | -5,1 |
Bens Intermediários | 2,6 | 1,1 | 1,8 | 1,6 |
Bens de Consumo | 6,8 | 6,6 | 4,2 | 2,9 |
Duráveis | 4,4 | 12,0 | 4,3 | 0,7 |
Semiduráveis e não Duráveis | 4,1 | 5,8 | 4,1 | 3,2 |
Indústria Geral | 4,1 | 3,2 | 2,6 | 1,5 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Estatísticas Conjunturais em Empresas
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O que dizem os especialistas
Segundo o economista do Ibre/FGV, Stéfano Pacini, a alta era esperada, pois o índice de confiança da indústria calculado pela instituição já vinha apresentando melhoras graduais, mostrando que a confiança do empresário estava melhor na indústria.
— O resultado de maio teve uma queda até pequena dado todo esse impacto do RS e agora o índice mais que superou o resultado negativo do mês passado. Mas não foi só isso, com a demanda industrial melhorando, os níveis de estoque das empresas ficando mais baixos, prateleiras mais vazias, é comum que as empresas retomem sua produção. E esse resultado também vai compensando altas e quedas pequenas durante o mês — explica.
Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, os resultados positivos em junho também têm impacto nas projeções do PIB, embora essa estimativa dependa de outros dados, como de serviços e varejos, já que a indústria e o comércio estão entre os primeiros a sentir essa recuperação.
— Quando começamos a pensar o impacto do que houve no Rio Grande do Sul, a estimativa era de uma queda de 0,2 do PIB no segundo trimestre, com projeção de 0,3. Quando saíram os dados do último mês, vimos que o impacto foi menor do que esperávamos e a projeção foi para 0,5. E com os resultados de hoje, a gente já está com viés altista. É toda hora revisando e para cima. Vimos uma indústria muito forte e também o desemprego, que também saiu essa semana, teve um bom resultado de queda. Então, é um momento positivo para o Brasil — diz o economista.
O aumento das taxas positivas
Das 25 atividades investigadas pela pesquisa, 16 avançaram em junho. O gerente da pesquisa explica que o destaque desse mês foram os resultados positivos se espalhando entre as atividades do setor.
Segundo Macedo, “o total da indústria está no campo positivo e a maior parte das atividades também mostra crescimento.”.
A alta foi puxada principalmente pela categoria de bens intermediários, da qual fazem parte as atividades de produtos derivados de petróleo e biocombustíveis.
O crescimento de 4,4% em bens de consumo duráveis foi resultado do aumento da produção de automóveis, que teve grande recuo no mês de maio por conta das enchentes no Rio Grande do Sul.
Eletrodomésticos, especialmente da linha branca, assim como eletroportáteis, também avançaram nessa categoria.
Embora o crescimento de 2,6% tenha sido inferior ao de bens de consumo duráveis (4,4%) e semi e não duráveis (4,1%), os intermediários têm o peso maior e correspondem à quase 60% da indústria, o que faz com que tenham maior influência no resultado final, segundo Igor Cadilhac.
Conclusão
A recente alta na produção industrial destaca um momento de recuperação significativa para o setor, após um período de desafios. Esse crescimento não apenas superou as previsões, mas também evidenciou a força e a capacidade de adaptação da indústria brasileira.
O impacto positivo se espalhou por várias atividades, demonstrando uma resiliência notável e um potencial de crescimento sustentado.
O cenário atual sugere um otimismo cauteloso para os próximos meses, com a indústria mostrando sinais claros de estabilização e expansão.
Esse desempenho é um indicativo positivo para a economia brasileira, apontando para um futuro mais robusto e promissor para o setor industrial.