Porta de entrada para o SUS, a APS é também voltada aos cuidados que antecedem a patologia.

“Melhor prevenir do que remediar” não é apenas um clichê, e sim uma vertente que deve mover os cuidados do cidadão e da sociedade.

Mais do que a cura, os sistemas de saúde promovem a prevenção de problemas. Campanhas como a vacinação permitiram que doenças tais como a varíola fossem erradicadas ou consideravelmente reduzidas, caso do sarampo.

Mas a medicina preventiva ajuda o cidadão a se prevenir ou reduzir as chances de sofrer por uma determinada patologia.

É, portanto, uma das principais vertentes da atenção primária à saúde (APS), a base do Sistema Único de Saúde (SUS).

Veja o que é atenção primária à saúde e como ela atua no âmbito brasileiro.

Ações integradas

Antes de entender como a APS trabalha, é preciso saber onde ela se encaixa.

Criada em 1983, as Ações Integradas da Saúde (AIS) são formadas por  cinco vertentes.

  • promoção: são criadas para proporcionar autonomia ao indivíduo e sua família. São campanhas informativas, voltadas para que o cidadão possa fazer escolhas que favoreçam sua saúde. Estão relacionadas ao bem-estar, alimentação, trabalho, cultura, educação e lazer;
  • prevenção: são ações voltadas à prevenção de uma patologia específica. Dessa forma, busca-se reduzir ou eliminar a incidência/prevalência do problema em uma região. A vacinação, por exemplo, é uma ação de prevenção;
  • proteção: está mais relacionada à atuação da vigilância sanitária;
  • recuperação: são ações que envolvem o diagnóstico e o tratamento de doenças, acidentes e danos;
  • reabilitação: está relacionado à vertente anterior, pois é o conjunto de ações voltadas à recuperação parcial ou total de um indivíduo, além da integração ao seu ambiente social e sua atividade profissional.

Como funciona

A APS é o primeiro nível de atenção em saúde, portanto é considerada a porta de entrada do cidadão no SUS.

É um conjunto de ações individuais e coletivas que envolvem prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento, reabilitação, manutenção da saúde e redução de danos.

Estão, portanto, relacionadas às vertentes de prevenção e promoção.

É por conta da APS que um indivíduo pode resolver um problema mais simples de saúde, por exemplo, sem ter que ir ao hospital, ou até mesmo se prevenir contra um problema que poderia atingi-lo se não houvesse esse trabalho de informação.

Princípios de saúde pública

A APS é também porta de entrada do centro de comunicação para a Rede de Atenção do SUS, que considera os princípios de saúde pública (universalidade, igualdade, equidade, integralidade, intersetorialidade, direito à informação, autonomia das pessoas, resolutividade e base epidemiológica) em sua integralidade.

Todas as redes são transversalizadas pelos temas de qualificação e educação, informação, regulação, promoção e vigilância à saúde.

O trabalho de atenção primária à saúde deve se ligar pelos seguintes princípios:

  • universalidade: determina que todos os cidadãos brasileiros, sem qualquer tipo de discriminação, tenham acesso às ações e serviços de saúde;
  • acessibilidade: é o princípio que compreende se as peculiaridades dos serviços e dos recursos de saúde facilitam ou dificultam a sua utilização pelos usuários;
  • continuidade do cuidado: estabelece a conexão necessária aos diversos cuidados recebidos pelo usuário ao longo do tempo;
  • integralidade da atenção: é pensar no cidadão como um todo, não apenas como alguém que precisa ser “curado”. Leva em conta todos os níveis de atenção e considera os contextos social, familiar e cultural;
  • responsabilização: é a delegação de deveres a cada órgão, instituição e pasta voltada à saúde;
  • humanização: é o reconhecimento de cada pessoa como legítima cidadã de direitos, reconhecendo e valorizando sua atuação na produção de saúde;
  • equidade: é tratar desigualmente os desiguais, investindo principalmente onde a carência é maior e há mais desfavorecidos.

Para saber mais

Profissionais da saúde interessados em saber mais sobre APS podem baixar gratuitamente os e-books produzidos pela Faculdade de Saúde Pública da USP.

Em três volumes, a coleção intitulada Manual instrutivo das oficinas de qualificação de profissionais da atenção primária à saúde visa ser uma proposta metodológica para a realização de oficinas relacionadas à alimentação adequada, atividade física, práticas corporais e nutrição.

Todo o material foi elaborado com mais destaque aos cuidados com indivíduos que tenham fatores de risco e problemas de saúde já instalados, principalmente pessoas com sobrepeso ou obesidade.

A ideia é que os profissionais de saúde utilizem os referenciais das publicações para replicá-los em todas as áreas da APS.